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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Não Sei!

Vira e mexe aparece alguém no meu caminho dizendo que sabe tudo, sabe de tudo, sabe sobre tudo (principalmente, concordâncias). Sabe desde variação cambial, ciclo das marés, obscuridades do rock europeu, o que vai passar na TV hoje à noite, passando pelo melhor lugar para comer em POA ou beber em BH.


Não simpatizo com quem diz saber tudo, me incomoda essa pose - saber tudo, para mim, é nada saber -, lembra informação de almanaque: rasa e desnecessária.

Simpatizo com quem tá por fora, quem não finge que conhece nem faz questão de conhecer, quem é ignorante em algum assunto, em vários assuntos.

Simpatizo com quem sabe muito sobre determinado tema, admiro essa fidelidade. Gosto de ligar para o Duda, por exemplo, e perguntar algo sobre a Geração Beat, acho mais bacana que pesquisar no Google – pesquisar no Google é chato pra cacete.

Quem sabe tudo já viu todos os filmes, já leu todos os livros. Quem acha que não sabe ainda tem muitos filmes para ver e muitos livros para ler.

Quem sabe tudo nunca tem dúvidas, nunca erra, nunca desconfia, nunca pede informação, nunca se perde. Quem pensa que sabe tudo é autossuficiente, se sente melhor que qualquer outra pessoa. Tem um troço mais chato? A incerteza é tão fascinante, tão humana. Se enganar, voltar atrás, trocar os pés pelas mãos, pegar a estrada errada para o litoral, assinalar a alternativa errada na prova, se apaixonar pela pessoa errada. Qual o problema?

Quem acredita que sabe tudo não se permite, se tranca no seu mundo. Quem acha que não sabe nada, ou acha não saber tudo que deveria, tem o mundo inteiro pela frente.
Verdade? Não sei.

Herculano Neto

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