Páginas

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

#O fascínio das calorias

Nova pesquisa revela o que o valor energético dos alimentos ativa o sistema cerebral da recompensa tanto quanto o sabor, desencadeando o desejo por determinadas comidas; descobertas devem ajudar no combate à obesidade.



De forma geral, nossa incapacidade de renunciar a alimentos que tanto nos recompensam, derrota o controle homeostático, contribuindo para o surgimento da obesidade.



A pergunta é : O sistema de recompensa da dopamina se ocupa também das calorias, ou somente do gosto e do prazer, como durante muito tempo se pensou?



Na universidade de Duke, o pesquisador brasileiro Ivan de Araujo e um grupo de colegas tentaram descobrir isso usando uma linhagem de ratos geneticamente modificados para que não tivessem um receptor específico, sem o qual não é possível sentir sabores doces. Os resultados mostraram que qualquer mudança no comportamento de recompensa desses animais não poderia ser atribuída à percepção do sabor. Se os roedores preferissem as comidas doces, não seria por causa do gosto, mas porque esses alimentos têm mais calorias, o que traria satisfação independentemente da sensação despertada no paladar.





Há muito se sabe que comer não é apenas um modo de se manter vivo e aplacar a fome, mas também um meio de comunicação e forma de obter prazer. A equação “alimento = afeto” está tão consolidada que, se os filhos comem pouco, é comum que os pais se sintam culpados. E muitos conflitos emocionais se revelam na forma de sintomas vinculados aos hábitos alimentares. Experiências da infância associadas à alimentação costumam deixar fortes marcas, tanto que a maior parte das pessoas fica ligada a sabores e alimentos aos quais foi habituada.



Além disso, os ritos à mesa favorecem a coesão social e por isso mesmo as diferenças culturais são tão evidentes e significativas nesse campo. É difícil encontrar, por exemplo, um italiano que queira comer pasticcio de rim, um prato comum entre os ingleses. Já os chineses são loucos por pés de frango, a parte da ave menos valorizada pelos brasileiros.



Para os americanos, os mexilhões são moluscos repugnantes. Essas e outras preferências são resultados de aprendizagens precoces embasadas na imitação.



A primeira fonte de informação é a família, mas assim que vão para escola as crianças começam também a observar comos os colegas se alimentam. Agir como os outros – comer e beber como eles – significa integrar-se ao grupo – empenhar-se para não ser excluído.



Fonte : Roberto Epstein – professor de Psicologia e pesquisador da universidade de Harvard. É também editor-colaborador da Scientific American Mind e ex-editor excutivo da Psychology Tody.

Nenhum comentário:

Postar um comentário